terça-feira, 12 de agosto de 2008

Gosto.

"Gosto é o suposto provável a se provar
E que se esbalde neste sentir
Para mais sentir e assim gostar.
E de gosto em gosto vem o gozo
De alma cintilante, com aroma cortante ...
Seja da boca, seja do ventre,
Do alpendre firme sobre teu seio,
Só não do teu gosto ausente."

Ausências Ininterruptas.

Falar dessa saudade que me toma acabou por se tornar a minha vida, não que faltasse outros sentimentos e verdades, mas é que quando paro pra destrinchar a caminhada dos meus dias sempre me fica a sensação de que estou em algum lugar que não foi planejado pra ser meu lar.
Em muitas vezes a vida parece-me ser uma exaustiva e angustiante espera para uma eternidade, em busca do reencontro com o que às vezes nem sei o que é. Assim fica a alma encostada sob a parede do tempo, que às vezes não é tão relativo assim e nos expõe à gota-gota da contagem.
Por vezes enxergo esta ausência nos olhos das pessoas, como que estivesse latente a todo ser humano este sentimento de que algo se perdeu. São cortantes as mortes diárias, o apagar castrador de cada esperança, me sentiria melhor se passassem mais rápidos os dias e assim pudesse fechar enfim os olhos e anestesiado cumprir a minha parcela de dor.

Pasíon Flamenca.

Delicados os pés com tuas curvas da beira-mar
E esta cor cintilante que pulsa
Em um vermelho intenso de uma paixão latina.
Meus mil cuidados não me protegem,
Pois caio em teus seios fartos de uma virtude assim.
Me desgoverno sobre o alpendre de teus lábios
E só me sossego nas alcovas de tua carne em chamas.
Me embriagando deste vinho deixado no teu umbigo côncavo
Que de gota em gota desce pelos caminhos curvos
Até o jardim silvestre de plantas mais belas.
Lanço todo meu pudor em outros cantos
Pra me permitir você,
Em sua face mais inconstante
E como desse doce-amargo
Me esbaldando deste manjar turco.